O HERÓI QUE VEIO DA TAILÂNDIA
Muito mais do que o dono e investidor do Leicester, Vichai Srivaddhannaprabha tornou-se, através das suas ações, um exemplo para toda a comunidade.

Vichai Srivaddhanaprabha era budista e costumava levar monges para o balneário antes do jogo para dar maior força anímica aos jogadores. (Matthew Lewis/Getty Images)
«A cidade perdeu um dos seus maiores heróis». Quem o afirma é uma habitante de Leicester, nascida e criada na cidade, e também adepta, e sócia do Leicester City Football Club desde 2001.
«Nasci em 1981. Desde essa altura já vi o clube na Premier League, a
'bater o pé' aos chamados 'grandes' e a qualificar-se para a UEFA Cup (atual Liga
Europa) mas também já o vi na Segunda e Terceira Divisão, a lutar pela
sobrevivência. Muitas vezes era mais a força dos adeptos que acompanhavam o clube, em casa ou fora, e dos
jogadores que deixavam a pele em campo, do que as direções que nos
representavam».
Longe de ser um dos clubes mais titulados do Futebol Inglês, os 'Foxes'
como são também conhecidos no meio futebolístico, devido à raposa que ostenta o
seu símbolo, têm ainda assim um palmarés bastante representativo para um clube
Inglês. Para além do título de Campeão Inglês conquistado na época 2015/2016, o
Leicester tem 3 Taças da Liga Inglesa (sendo ainda o clube que mais finais
disputou sem ter ganho, no total foram 5 finais a acabar como vice-campeão), 1 Supertaça Inglesa, 7 Campeonatos da 2ª
Divisão (recordista de títulos, a par do Manchester City), e 1 da 3ª Divisão.
13 títulos no total. Antes da chegada de Vichai Srivaddhanaprabha ao clube,
contava 11. No entanto, foi com a
chegada do empresário Tailandês ao controlo do clube que os 'Foxes' viveram o
seu maior conto de fadas e conquistaram o seu maior troféu.
Começa a era Vichai
2011. O ano que muda a vida do Leicester City FC. Nesse ano, a 10 de fevereiro, Vichai Srivaddhanaprabha assume o controlo do clube Inglês, através da sua empresa King Power Duty, uma empresa de venda a retalho, especializada na área das viagens, e que compra o Leicester por 43 milhões de euros, quando este ainda militava no Championship, o segundo escalão do Futebol Inglês. A King Power passou a ser o principal sponsor do clube, tendo até rebatizado o nome do estádio, para King Power Stadium. Vinham de uma temporada bastante positiva, em que tinham alcançado o Playoff de acesso à Premier League, tendo sido 5º na fase regular. No Championship a promoção à Primeira funciona da seguinte maneira: Os dois primeiros classificados sobem diretamente à Premier League, e os quatro clubes classificados imediatamente a seguir disputam a vaga restante num primeiro playoff, tendo depois os dois clubes vencedores do playoff que disputar uma finalíssima para decidir quem é o terceiro promovido. Nesse ano subiram diretamente o Newcastle, que foi o campeão, e o West Bromwich Albion, segundo classificado. O Blackpool, que até tinha ficado em sexto na fase regular, derrotaria o Cardiff nas finais do Playoff. Cardiff que tinha sido precisamente o 'carrasco' do Leicester nas meias finais.
O empresário tailandês tomou conta dos 'foxes' quando estes se encontravam numa situação delicada, abalados por grandes dívidas. Numa temporada algo instável dentro de campo,
que começou com um treinador Português no banco: Paulo Sousa, antigo
internacional pela seleção das 'quinas', a dar os seus primeiros passos como treinador, foi o
escolhido para suceder ao britânico Nigel Pearson, que tinha saído para o Hull
City. No entanto, a passagem de Paulo Sousa pelo Leicester não lhe
correu de feição, e em outubro foi substituído no cargo pelo experientíssimo
treinador sueco Sven-Goran Eriksson, treinador também bem conhecido do futebol
Português, onde por três vezes venceu o campeonato com o Benfica, tendo ainda
conquistado uma Taça de Portugal e uma Supertaça ao serviço dos 'encarnados'.
Eriksson estabilizou as performances do clube, tendo acabado a época no meio da
tabela, em 10º lugar.

Paulo Sousa esteve apenas quatro meses no comando técnico do Leicester City. Aqui, no dia da apresentação do reforço japonês Yuki Abe. (Matthew Lewis/Getty Images)
Na época seguinte, 2011-2012, seria a primeira em que Vichai iria arrancar totalmente aos comandos do destino dos 'Foxes', com Sven-Goran Eriksson a começar a época como treinador, mas a ser castigado pelos fracos resultados em finais de outubro, sendo substituído por Nigel Pearson, que estava assim de regresso a uma casa que bem conhecia, depois de uma temporada não muito bem sucedida ao serviço do Hull City. No final da temporada, viriam a acabar em 9º, uma melhoria de um lugar em relação à época anterior.
Pearson arrancou como treinador na época seguinte e voltou a fazer um trabalho meritório no clube, tendo-se classificado em 6º na fase regular. Campeão seria o Cardiff City, com o Hull City a classificar-se em segundo e a subir também diretamente ao primeiro escalão do futebol Inglês. O Leicester, por sua vez disputou a meia final com o Watford, tendo saído derrotado no conjunto das duas mãos. No entanto, quem subiria seria o Crystal Palace, que derrotaria na final o Watford por 1-0. O sonho da subida estava perto. O Leicester já não estava presente na Premier League desde a longínqua época de 2003-2004.
10 anos depois, seria quebrado esse hiato, e de maneira demolidora!
Super Leicester-Parte 1: O ano dos recordes
A época 2013-2014 arrancava com o Leicester como um dos principais favoritos à subida. Nigel Pearson tinha a confiança da direção e dos adeptos, a equipa foi fortalecida de modo a poder completar esse objetivo. Foi nesse ano que chegou a Leicester um dos jogadores que viria a ser dos mais determinantes no futuro: o campeonato da época 2015/2016. Falo de Riyad Mahrez, que viria a tornar-se a venda mais cara de sempre do Leicester: 68 milhões de euros foi o valor que o Man.City de Pep Guardiola pagou pelo extremo argelino, no mercado de transferências do verão de 2018.
Pearson foi o treinador que concretizou os sonhos dos adeptos e direção do clube de regressar
à Premier League, numa temporada absolutamente fenomenal da equipa, em que
pulverizaram completamente os recordes existentes no campeonato: Maior número
de pontos em uma temporada (102, 9 à frente do segundo classificado dessa
temporada, o Burnley), maior número de vitórias consecutivas em casa (9) e fora
(5) e a maior série de jogos seguidos sem perder (13). Espetacular! A promessa
de Vichai começava a tornar-se realidade: Em 2011, aquando da sua chegada ao
clube, prometeu aos adeptos que em cinco épocas o clube iria chegar à Premier
League e classificar-se para a Champions League. Mas o que se seguiria seria
ainda mais memorável.

Vichai Srivaddhanaprabha com o treinador Nigel Pearson (á sua esquerda) e o jogador e capitão de equipa Wes Morgan e o seu filho Aiyawatt (à direita) na festa da subida do Leicester à Premier League, em 2014 (Matthew Lewis/Getty Images)
Super Leicester parte 2- 'The Great Escape' e o surpreendente título de 2015/2016
Na temporada seguinte, o Leicester regressava à elite, 10 anos depois. Nigel Pearson manter-se ia como treinador, e o plantel foi reforçado de forma a poder fazer uma temporada tranquila na Premier League. Nesse ano chegou ao clube um dos jogadores que se iria tornar um dos mais idolatrados pelos 'Foxes': N'Golo Kanté, atualmente no Chelsea, e que foi dos pilares para a conquista do campeonato 2015/2016. Mas já lá vamos...
O Leicester passou grande parte da temporada a lutar para não voltar ao Championship, uma temporada com muitos altos e baixos. Em março, a equipa estava praticamente condenada à despromoção, com sete pontos de atraso em relação ao primeiro lugar fora da 'lanterna vermelha'.
No entanto, uma série de sete vitórias em nove jogos, levou a equipa até ao 14ºlugar, e ao asseguramento da manutenção muito perto do final, no qual o ponto alto foi uma vitória por 5-3 sobre o poderoso Manchester United, no King Power Stadium, o que realça a fibra demonstrada por esta equipa e pelos seus adeptos durante toda a temporada, mesmo nas fases mais complicadas. Esta surpreendente saída da zona de descida ficou conhecida no futebol inglês como 'The Great Escape'.
2015-2016. 'Aquela' época, que vai ficar para sempre na memória dos adeptos 'Foxes', na história do clube, da cidade e do futebol.
O Leicester arrancava a época seguinte como um dos mais sérios candidatos à descida. As probabilidades de o clube vir a ser campeão eram completamente irreais: 5 mil para 1!!! No entanto, antes do início da época, o ator Tom Hanks, conhecido por filmes como 'Forrest Gump' ou 'O Náufrago' garante que apostou 128 mil euros no Leicester a ser campeão. Sorte ou saber, ou uma mistura das duas, no final arrecadou 644 mil...
Por isso, o que os adeptos esperavam era fazer uma temporada tranquila, sem tantos sobressaltos como a anterior, apesar da grande recuperação no final que soube a um título.
O comando técnico mudou. Nigel Pearson, apesar do bom crédito que tinha da direção, foi substituído pelo italiano Claudio Ranieri, um nome bem conhecido dos adeptos de futebol, muito experiente, mas como fama de 'não ganhador', pois apesar de ter treinado clubes como Juventus, Inter de Milão ou Chelsea, nunca havia conseguido conquistar um título de campeão de uma grande liga. Nesse ano teve o seu apogeu, e viria a vencer o prémio 'The Best' de Melhor Treinador do Ano pela FIFA no final da temporada.

Diego Armando Maradona entrega o prémio de Melhor Treinador do Ano a Claudio Ranieri (Reuters)
O próprio plantel estava talhado para lutar pela manutenção e não pelo
título, à primeira vista. O valor de mercado dos 'Foxes' estava registado em 247 milhões de
euros, o 17º (em 20) mais valioso do campeonato. Atrás estavam apenas as
equipas promovidas do Championship nessa temporada.
Mas, conforme foram passando as jornadas, o Leicester foi se segurando na liderança da tabela, contrariando as expetativas iniciais. Com um plantel sem grandes estrelas, começaram a chamar a atenção jogadores como o avançado inglês Jamie Vardy, que acabaria a época como segundo melhor marcador do campeonato, com 24 golos, um atrás de Harry Kane do Tottenham, e com os mesmos de Sergio 'Kun' Aguero do Manchester City. Vardy seria premiado nessa temporada com a estreia pela Seleção Inglesa e arrecadaria o prémio de Futebolista Inglês do Ano, pela Football Writers Association Footballer Of The Year (FWA). Riyad Mahrez, 'explodiu' completamente nessa temporada, destacando -se como o jogador mais desequilibrador da equipa, e tendo sido, no final da temporada, coroado com um dos prémios individuais mais apetecíveis para um jogador da Premier League, o PFA Player of The Year, além de ter triunfado também na Bola de Ouro Africana. Também N'Golo Kanté, Danny Drinkwater e Christian Fuchs foram dos jogadores mais determinantes nesta inédita epopeia.

Riyad Mahrez triunfou na Bola de Ouro Africana 2016 devido à grande temporada individual que realizou em Leicester (Pius Utomi Ekpei/AFP)
Pontos altos desta temporada foram as vitórias sobre o Manchester City, no
Etthiad, por 3-1, em White Hart Lane frente ao Tottenham por 1-0 com golo do
defesa alemão Robert Huth já perto do final da partida, e frente ao Liverpool
de Jurgen Klopp no King Power Stadium por 2-0, onde Jamie Vardy apontou um dos
golos mais espetaculares da temporada (Ver Videogaleria). O Leicester terminou em 1º com
81 pontos, 10 à frente de Arsenal, que foi segundo classificado, e 11 do Tottenham (3º).
Como é que uma equipa, digamos, modesta, como o Leicester consegue bater 'tubarões' como Arsenal, Manchester City ou Liverpool, com orçamentos muito maiores e que por isso podem investir muito mais em jogadores?
«Um conjunto de jogadores não fazem uma equipa» afirmou Gary Lineker, antigo internacional inglês e atual comentador desportivo na BBC, ídolo dos 'Foxes', sendo um 'filho' da cidade e do clube, que representou entre 1978 e 1985. «O Leicester esta temporada conseguiu montar um coletivo perfeito, e provaram que não existem barreiras para alcançar algo inacreditável».
Para Gian Oddi, comentador
na ESPN Brasil, refere que a conquista do título pelo Leicester em 2015/2016 «...É o maior feito da história do futebol mundial. O mais impressionante é a forma
como o clube conseguiu isso, apesar da diferença abissal para os seus maiores
adversários.

A festa e a emoção dos jogadores e treinador do Leicester ao levantar o seu primeiro troféu de campeões Ingleses (Getty Images)
Há seis anos, o Leicester City era rebaixado à Terceira Divisão. Há um ano e quinze dias, estava na lanterna vermelha (zona de despromoção) da Premier League. E depois de todos estes precalços, consegue reerguer-se e chegar ao topo de maneira muito espetacular.»
O «efeito Vichai» fazia-se
sentir mais do que nunca. Aquando do anúncio da venda do clube para o
empresário tailandês, o então proprietário do clube, o empresário sérvio
(naturalizado americano) Milan Mandaric, profetizou: «Hoje é um ótimo dia para
o Leicester City Football Club. Os novos proprietários do clube são pessoas
fantásticas, com incrível ambição para o futuro. Eles têm grande caráter e
integridade e vão lutar pelo sucesso da cidade de Leicester e do Leicester City Football Club».

Milan Mandaric (à direita) com Vichai Srivaddhanaprabha (à esquerda) aquando da passagem do controlo do Leicester City FC para as mãos do empresário tailandês (Getty Images)
Milan Mandaric não estava enganado. De facto, o título de 2015/2016 foi
o coroar de um projeto ambicioso e sempre muito bem gerido. E que tinha um
grande homem por detrás dele.
Histórias e Segredos de um Homem Bom
Vichai Srivaddhanaprabha era o quinto tailandês mais rico do mundo quando comprou o Leicester. Nomeou o seu filho Aiyawatt como vice-presidente, mas continuou a acompanhar sempre de perto a vida do clube. O seu primeiro ato como chairman foi saldar as dívidas do clube, cifradas em mais de 100 milhões de euros.
«O Leicester era parte da família dele», relata um funcionário do clube. Era uma pessoa muito próxima de todos nós, quer fossem funcionários, jogadores, treinadores e diretores. Independentemente da posição de cada um, a todos tratava de forma igual, como se fôssemos seus familiares».
Exemplos dessa proximidade e dedicação ao clube foram o acompanhamento pessoal das negociações com jogadores que viriam a ser fulcrais para o título, como Jamie Vardy, então no Fleetwood Town, Kasper Schmeichel, que militava no Leeds, e Riyad Mahrez, que era ainda um desconhecido e atuava nos franceses do Le Havre. Claudio Ranieri foi também uma aposta sua, ele qua andava já algo esquecido na alta roda do futebol Mundial e vinha acumulando uma série de maus trabalhos e despedimentos nos últimos anos.
Para melhor ajudar à motivação do plantel, antes de cada partida, costumava levar monges para o balneário para dar maior força anímica aos jogadores (chegaram também a ir benzer o relvado do King Power Stadium). Após a conquista do campeonato, ofereceu BMW's i8 azuis (cores principais do clube) a todos os jogadores. Cada veículo desses está avaliado em cerca de 100 mil euros.
Mas a influência do tailandês na comunidade não se verificava só no que fazia pelo clube. Vichai era muito próximo da comunidade e foi um dos principais obreiros para o rejuvenescimento daquela que é a 10ª maior cidade de Inglaterra, com cerca de 330 mil habitantes.

Claude Puel, atual treinador do Leicester (Plumb Images)
Doou do seu próprio bolso 2,5 milhões para a construção de um hospital pediátrico na cidade e comoveu-se com a história de um adepto do clube que tinha um filho com uma doença rara, tendo-lhe dado 25 mil euros para ajudar a pagar os tratamentos.
O francês Claude Puel, atual treinador do Leicester, depois da saída de
Claudio Ranieri em 2017, resume a sua visão do homem que colocou Leicester na
história: «Vichai fez do Leicester City o que ele é hoje. Fez dele uma família,
fez dele um sonho. Vichai investiu no clube, na cidade, nas pessoas».
Para os adeptos do clube que fielmente compareciam no King Power Stadium para apoiar a sua equipa costumava, em dias de jogo, fornecer bolos, cerveja e cachecóis, estes principalmente em dias que as temperaturas não fossem tão convidativas a assistir a uma partida de futebol. Costumava também organizar muitas vezes viagens para os jogos fora de portas, sem qualquer custo adicional para os adeptos.
Era um homem simples, sem quaisquer 'tiques' de milionário, não costumava publicitar-se a si próprio, dava muito poucas entrevistas, deixando o protagonismo para o filho mais velho.

Adeptos do Leicester em dia de jogo, com a mascote dos 'Foxes', Filbert Fox (Getty Images/Leicester City FC)
Mas, num curto espaço de tempo, passou de ser só o 'investidor e dono do
Leicester' para ser alguém admirado e idolatrado pela família Leicester, mas
por toda uma cidade.
O epílogo mais triste
28 de outubro de 2018. O Leicester tinha acabado de jogar no King Power Stadium frente ao West Ham, tendo o jogo terminado com um empate a uma bola, com o golo da equipa da casa a ser marcado já muito perto do final, pelo médio nigeriano Wilfred Ndidi.
No final do jogo, o helicóptero de Vichai Srivaddhanaprabha pousava no círculo central do estádio.
Um ritual que já era habitual sempre que o Leicester jogava no seu reduto, e no qual bastantes adeptos ficavam sempre para assistir, e aplaudir.
Nesse dia, porém, tudo
foi diferente...

O helicóptero que costumava transportar o dono do Leicester após o final dos jogos no King Power Stadium (AFP)
O helicóptero que transportava Vichai e mais quatro passageiros (incluindo o piloto) caiu no parque de estacionamento do estádio, não tendo sobrevivido nenhum dos ocupantes. Vichai tinha 61 anos.
O guarda redes do Leicester Kasper Sschmeichel recordou, em depoimento
ao canal televisivo Sky Sports, os sentimentos vividos durante a tragédia: «Acenámos,
dissemos-lhe adeus e ficámos a ver o aparelho levantar voo. Eu já tinha visto
aquilo centenas de vezes, era uma espécie de ritual no final dos jogos. Mas
algo estava a correr mal porque o helicóptero não ficava parado no ar, daquele
modo. Depois começou a cair, a cair.... Corri em direção ao túnel e contornei o
estádio. As pessoas cá fora ainda não se tinham apercebido do que estava a
acontecer. Fiz um sprint ao mesmo tempo que gritava para as pessoas telefonarem para a polícia. Um dos nossos seguranças viu-me e correu
atrás de mim. Conseguimos chegar perto do helicóptero - o nosso segurança foi
até mais perto, tentando fazer alguma coisa. Mas era evidente pelo calor imenso
que já nada havia a fazer.... Foi horrível sentir-me assim, estar ali sem poder
fazer nada...»